GASTRONOMIA
A gastronomia é um ramo que abrange a culinária,
as bebidas, os materiais
usados na alimentação e, em geral, todos os aspectos culturais a ela associados. Um gastrônomo (gourmet, em francês)
pode ser um(a) cozinheiro(a),
mas pode igualmente ser uma pessoa que se preocupa com o refinamento da
alimentação, incluindo não só a forma como os alimentos são preparados, mas
também como são apresentados, por exemplo, o vestuário e a música ou dança que acompanham as refeições.
Por essas razões, a gastronomia tem um foro mais alargado que a
culinária, que se ocupa mais especificamente das técnicas de confecção dos alimentos. Um provador de
vinhos é um gastrônomo
especializado naquelas bebidas (e, muitas vezes, é também um gastrônomo no
sentido mais amplo do termo).
O prazer proporcionado pela comida é um dos factores mais
importantes da vida depois da alimentação de sobrevivência. A gastronomia
nasceu desse prazer e constituiu-se como a arte de cozinhar e associar os
alimentos para deles retirar o máximo benefício. Cultura muito antiga, a gastronomia
esteve na origem de grandes transformações sociais e políticas. A alimentação
passou por várias etapas ao longo do desenvolvimento humano, evoluindo do
nômade caçador ao homem sedentário, quando este descobriu a importância da agricultura e da domesticação dos animais.
A fixação à terra trouxe uma maior abundância de comida, o que
provocou um aumento demográfico que por sua vez levou a um esgotamento dos
recursos e à consequente migração para novos locais a explorar. Houve apenas
duas importantes excepções na história antiga: o Egipto e a Mesopotâmia,
devido à fertilidade trazida pelas águas dos rios Nilo, Tigre e Eufrates que se mantiveram constantes ao longo
dos anos.
A riqueza proporcionada pela abundância trouxe a curiosidade pela
novidade e pelo exotismo. O homem teve
então necessidade de complementar a sua dieta com alimentos que localmente não
tinha, dando origem ao comércio levado a cabo por alguns homens que
continuaram nómadas para que muitos outros se pudessem fixar à terra. O homem
que viajava, o comerciante, não só levava aquilo que faltava como introduzia
novos alimentos, criando necessidades imprescindíveis ao desenvolvimento do seu
negócio. O transporte de alimentos provocou a necessidade de aditivos: por
exemplo, o aroma da resina de alguns actuais vinhos gregos foi induzido pelo facto de se
utilizar a resina em tempos remotos para tratar os odres de cabra que continham o vinho.
A humanidade cedo se apercebeu das virtudes da associação de
certas plantas aromáticas aos alimentos para lhes exaltar o sabor, contribuir
para a sua conservação e permitir uma melhor e mais saudável assimilação por
parte do corpo. Muitas guerras se fizeram pela apropriação de recursos
alimentares que de uma forma geral são escassos e que determinam o poder para
quem domina a gestão desses recursos. A título de exemplo, a busca dasespeciarias foi um dos factores que contribuíram
para a queda do Império Romano e quando a Europa parte para os Descobrimentos Marítimos tem como móbil o controlo da
rota das especiarias que implicou a colonização e o esclavagismo renascentistas.
A arte do prazer da comida motivou génios como Leonardo da
Vinci, inventor de vários acessórios de cozinha, como o célebre
"Leonardo" para esmagar alho, regras de etiqueta à mesa, para
além de novas receitas. Precursor da nouvelle cuisine, Da Vinci fundou com
outro sócio o restaurante "A Marca das Três Rãs" em Florença.
A gastronomia despertou curiosas sensibilidades em músicos como Rossini e em escritores portugueses e estrangeiros. Camilo Castelo Branco era avesso a descrições mas não
resistiu a descrever um saboroso caldo verde,
enquanto que Eça de Queirós tem
inúmeras menções a restaurantes nas suas obras. O culto dos prazeres da mesa
chegou ao ponto de fazer com que os aficcionados se juntassem em associações
gastronómicas como a belga "Ordre des Agathopédes" em 1585, a francesa "Confrérie
de la Jubilation" ou o português "Clube dos Makavenkos"
em 1884, para além de
exemplos mais recentes como o Slow Food,
que em reacção ao Fast Food tem como símbolo um caracol.
O primeiro tratado sobre gastronomia foi escrito por Jean Anthelme
Brillat-Savarin, um gastrônomo francês que, em 1825, publicou a
“Fisiologia do Paladar”, cujo título
completo em francês é Physiologie
du Goût, ou Méditations de Gastronomie Transcendante; ouvrage théorique,
historique et à l'ordre du jour, dédié aux Gastronomes parisiens, par un
Professeur, membre de plusieurs sociétés littéraires et savantes. Por este
título que, em português poderia ser traduzido como
"Fisiologia do Paladar ou Meditações sobre a Gastronomia Transcendental,
obra teórica, histórica e actual, dedicada aos Gastrônomosparisienses, por um
Professor, membro de várias sociedades literárias e científicas", pode
considerar-se a gastronomia como uma ciência ou uma arte.
No entanto, não se deve confundir esta ciência com a nutrição ou a dietética, que estudam os alimentos do ponto de vista da saúde e da medicina, uma vez que a
gastronomia é estritamente relacionada ao aspecto comercial (no que diz
respeito à preparação de comida em restaurantes) e cultural (no que diz
respeito ao estudo desta ciência).
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gastronomia
Acessado em 09 de março de 2013
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